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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

JORGE DE MEIRELES RODRIGUES

( Maranhão – Brasil )

( 1923 – 1987 )

 

Maranhense de nascimento, advogado, formado pela tradicional Faculdade e Direito de São Luís/MA.
Radicou-se em Brasília/DF, tendo exercido várias comissões de destaque no Banco do Brasil. 

 

RODRIGUES, Jorge de Meireles. Momentos de mimApresentação por José Geraldo, da Academia Fluminense de Letras, e Carlos Cunha, da Academia Maranhense de Letras.  Brasília: 1987. Edição da Casa do Maranhão, com apoio do Banco do Brasil S. A.   76 p.  14 x 21 cm
Ex. bibl. Antonio Miranda, doação do livreiro José Jorge Leite de Brito.

 

MOMENTOS DE MIM

“— Foi poeta — sonhou — e amou a vida. —
Álvares de Azevedo

Sentidos versos meus, parcelas do meu nada,
eu vos deixei cair no chão dos meus caminhos.
Não sei que vos colheu... se ingênuos passarinhos
ou feros gaviões em brusca revoada.

Eu vos deixei cair, ora flor ora espinhos,
em momento de mim, na longa caminhada.
Fui causticante sol, fui noite enluarada,
e vos deixei ficar — e prossegui — sozinhos.

Sentidos versos meus, ora riso ora pranto,
ora samba crioulo, ora doce acalanto,
encontro ou solidão na senda percorrida...

Se alguém que vos colheu quiser saber de mim,
de quem voz fez surgir, há de pensar assim:
apenas fui poeta, amou, sonhou na vida.

 

       O 7 DE SETEMBRO

Oh! velha São Luís, como te vejo!
És glória, és esplendor! Que fausto dia!
O Brasil moço em pompa se irradia
num majestoso e esplêndido cortejo.

Provoca aos corações justa alegria
das baionetas o fugaz lampejo.
Que te acompanhe sempre, eu te desejo,
a mesma fé que agora é tão sadia.

Tocam clarins, também rufiam tambores,
e a revelar, feliz, pátrios amores,
em multidões o povo se acumula.

E em toda parte, altivo, desfraldado,
tão alto quanto as glórias do passado,
o Auri-Verde secular tremula.

 

                                            São Luís, 1940


RECORDANDO

Mote

Quem não se lembra, saudoso,
Das noites de São João?

Glosa

Alegres noites juninas,
tão belas no meu sertão
onde, esparsas, as fogueiras
erguem rubras cabeleiras
do corpo negro do chão.
Ó noites de serenatas,
acordes de violão
do sertanejo amoroso...
— Quem não se lembra, saudoso,
das festas de São João?

Belas noites estreladas,
noites belas de verão.
A lua nasce e se evola
como um tiro de pistola
que Deus soltou na amplidão,
entre um chuveiro de estrelas.
Ao longe sobe um balão,
rubro ponto luminoso...
— Quem não se lembra, saudoso,
das festas de São João?

Ó maravilha das festas,
Bumba-boi do Maranhão!
Ao teu batuque, as crioulas
— penas, plumas, lantejoulas —
o corpo gingando vão.
Bumba-boi do Pai Francisco,
do Nordeste tradição.
Bumba-boi rico, famoso...
— Quem não se lembra, saudoso,
das festas de São João?

Bumba-boi, o teu destino
me recorda uma afeição.
Nasceu contigo na festa,
depois foi sonho, seresta,
hoje é só recordação.
Morreu contigo, meu Bumba,
aquela ardente paixão
do meu passado enganoso...
— Quem não se lembra, saudoso,
das festas de São João?

 

DEVANEIO

Eu terminei mais cedo o meu serviço
e aqui onde trabalho é quase incrível isso.

E me senti liberto, sem problemas.

Uma vontade de fazer poemas
chegou sem ser chamada,
acompanhada
de outras vontades tão descontraídas
que se mostraram pouco permitidas.

E quis descalço pelas ruas
a pintar mulheres nuas
e palavrões em todas as paredes.

Quis embalar meus versos em mil redes
e cantar-lhe baladas.
Eu quis rever antigas namoradas
ou provocar tumultos,
para dizer e para ouvir insultos.

Senti vontade de pescar num lago
ou receber afago
vindo de mãos repletas de carinhos.

Eu quis tirar das rosas os espinhos.

E desejei fazer amor,
amor fatal, cercado de receios,
ou dormir entre os seios
de alguém que é fuga dos meus atropelos.

Quis formular apelos
— e retornar ao tempo de estudante —
ou simplesmente chorar, chorar bastante,
chorar talvez até sem ter motivo,
para saber que eu vivo,
que não sou máquina a rever projetos,
despachos, pareceres, votos, vetos...

                                                      Brasília, 1975

 

CORRENDO PELA VIDA

Na aposentadoria do
Senhor Dulfe Krautz Carneiro

Numa corrida de revezamento,
o bastão que se passa a uma camarada
é um simples bastão, um quase nada,
sem maior importância na corrida.

O que tem, na verdade, valimento
é a dedicação, o amor, a fibra
que bem dentro de nós explode e vibra,
nessa competição que é nossa Vida.
Brasília, 1983.

 

 

PSICALGIA

Ultimamente,
insistentemente,
tenho procurado
no meu passado,
a razão de ser desta melancolia
que vem marcando
e perturbando
o meu tão rotineiro dia-a-dia.

Eu sei que essa amargura é prenúncio de morte,
pois o homem sadio, mentalmente forte,
seguro do que é, de si próprio seguro,
faz pouso no presente em busca do futuro.

Já pensei procurar um psicanalista
ou outro especialista,
desses que tentam ver a alma da gente
pelo vão da janela que nos abrem a mente.

Mas ontem vi você. Vi dois serenos olhos
buscando, em meu olhar, meus sombrios escolhos.
Vi neles tanta luz, neles tanta ternura,
que já começo a crer possível minha cura.

 

*

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Página publicada em fevereiro de 2022


 

 

 
 
 
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